Sentidos
Não há esforço além dos brônquios
A vida é leve como a lufada
Que sai do peito e sobe quente
A vida sobe quente
Respira a vida que sobe
Tato além das mãos
Que tocam as paredes macias
Cercas macias delimitam o tato
A vida é tato macio
A vida tateia e se limita
Não há sons além das orelhas
Onde reverberam as músicas diárias
Diuturna trilha de gritos, sussurros
E ruídos de cordas e couro
Vida é música áspera
Passo a língua na língua da vida
Sinto a saliva seca
Sabor de mim na saliva da vida
Vida é sabor de si e mim
Nas papilas que se saboreiam
Olho longe e vejo a curva
Vejo além da curva e do morro
É viela sinuosa
A vida é via de só ida
Larga, estreita reta e curva
Não há outro cheiro
Tudo cheira a vida que queira
Cheiro de vida mesma
A vida tem cheiro de tudo
Quando acaba o cheiro...
©Marcos Pontes
5 comentários:
Os sentidos que são sentidos pelo poeta e desencadeia reflexões sobre o caminha na vida. Vivemos por/com eles, nossos sentidos e didaticamente, aponta os limites que cada um impõe.
Parabéns pelo novo blog, é novo não é? Como é que não conhecia?
Bem,
abração
Amei seu poema em todos os "sentidos"!!!
D+.
Um abraço
não há volta, retorno
flexa disparada.
os sentidos são UM...
gostei demais do poema
Não há sons além das orelhas
Onde reverberam as músicas diárias
Diuturna trilha de gritos, sussurros
E ruídos de cordas e couro
Vida é música áspera
Putz !
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