Uma tesoura faria tudo
como fazem os censores
que cortam e remendam
o que lhes contradiz.
Eu cortaria e remendaria
as páginas e capítulos
da literatura de cordel
em que me transformei.
De sertão e de cidade
horizontes e nuvens pretas
de riachos e litoral
igarapés e lodaçais
de estrelas e faróis
sóis, luas e eclipses
de espada e canivete
tinta, lápis e papel
De quase tudo e quase nada
foram feitas as semanas
do livro fechado.
Muito material
pouco proveito.
Carece de tesourada,
mais que isso, navalhada,
ou, talvez, simples poda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário