segunda-feira, 14 de março de 2011

Poesia

Desfez-se em letras

O universo ao derredor

E escorreram como cachoeira

No branco da celulose

Invadiram vales estéreis

Verdejaram como limo

Na aspereza da terra fértil

 

Dos olhos translúcidos do poeta

O que era feio ganhou viço

O que era lindo transcendeu

E fez-se verso o que era sonho

 

Do nada nasceu tudo

Em cores e rabiscos

Sob as penas de Bené, Drumont

Quintana virou quitanda de poemas

Nélida deu frutos como pinhas

Cecília a negação de Max

Em complemento épico

Do barro nasceu Barros

Barrinhos, diria o diminutivo Moraes

 

Estrelas veem-se de dia

Decompondo em fonemas a luz

Escalando nas estrofes, ou sem,

A vida vívida em vida de desejos

O lume das ideias

Em formas sintéticas

 

Deus disse “faça-se o verbo”

E criou a poesia

Soprou o barro

E fez o poeta.

 

©Marcos Pontes