sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sentidos

Sentidos

Não há esforço além dos brônquios

A vida é leve como a lufada

Que sai do peito e sobe quente

A vida sobe quente

Respira a vida que sobe


Tato além das mãos

Que tocam as paredes macias

Cercas macias delimitam o tato

A vida é tato macio

A vida tateia e se limita


Não há sons além das orelhas

Onde reverberam as músicas diárias

Diuturna trilha de gritos, sussurros

E ruídos de cordas e couro

Vida é música áspera


Passo a língua na língua da vida

Sinto a saliva seca

Sabor de mim na saliva da vida

Vida é sabor de si e mim

Nas papilas que se saboreiam


Olho longe e vejo a curva

Vejo além da curva e do morro

É viela sinuosa

A vida é via de só ida

Larga, estreita reta e curva


Não há outro cheiro

Tudo cheira a vida que queira

Cheiro de vida mesma

A vida tem cheiro de tudo

Quando acaba o cheiro...



©Marcos Pontes

Ciclo

Vem seguindo trilhas negras

De betume e roxas de terra

Vermelhas de piçarra e sangue

Vida a dentro, casa a fora

Pernas e braços no mundo

Que percorre e abraça

Deixa amores

Traz texturas, temores

Seca humores e agruras

Deixa vidas, cria outras

Vara o país com rumo

Incerto e desejado norte

Guardando o Norte em seu cofre

Peito sem saída

Acumula o mundo

Ensina de onde vem

Aprende pra onde vem

Ciclo

O horizonte no fim do asfalto

Outra linha atrás

Meta à frente dos olhos

Na vontade do retorno

Meta é ponto de partida

Vai-se para voltar melhor

Ciclo

©Marcos Pontes

sábado, 4 de julho de 2009

Espiral

Não existe caminho fora daqui
Mesmo que seja um espiral
Voltado para o umbigo


Volta-se em torno de si
Curvilinha bumerangue que só volta
Arremessada contra a própria
E em si se cruza
Bifurcação da mesma linha


Não há caminho dentro daqui
O externo é o interior e é o mesmo
Caixa cheia da própria caixa
Vazia da caixa mesma


A vida e a caixa
A vida pulsa na caixa
Os caminhos da vida
São a própria caixa
A duração da caixa é a vida
Simbiose abstrata


Não há caixa fora daqui
Encerrada na vida e na caixa
As soluções e os caminhos
Bifurcações que retornam à vida
Dentro da caixa
Cíclica e espiralada linha


A linha bumerangue
Ricocheteia nas paredes da vida
Cai no piso da caixa
Sobre as soluções catadas
Cacos juntinhos, mosaico
De vida, caminhos, vida e caixa

 

©Marcos Pontes



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Espiral

Espiral

Não existe caminho fora daqui

Mesmo que seja um espiral

Voltado para o umbigo

 

Volta-se em torno de si

Curvilinha bumerangue que só volta

Arremessada contra si

E em si se cruza

Bifurcação da mesma linha

 

Não há caminho dentro daqui

O externo e o interior é o mesmo

Caixa chia da própria caixa

Vazia da caixa mesma

 

A vida e a caixa

A vida pulsa na caixa

Os caminhos da vida

São a própria caixa

A duração da caixa é a vida

Simbiose abstrata

 

Não há caixa fora daqui

Encerrada na vida e na caixa

A soluções e os caminhos

Bifurcações que retornam à vida

Dentro da caixa

Cíclica e espiralada linha

 

A linha bumerangue

Rechicoteia nas paredes da vida

Cai no piso da caixa

Sobre as soluções catadas

Cacos juntinhos, mosaico

De vida, caminhos, vida e caixa

 

©Marcos Pontes