quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Flores e galos

Rasga a negritude

O dourado dos raios por entregalhos

Amacia a noite

E a colore, deitada ao sereno

 

No pátio, flores e galos

Pendurados no sorriso dela

A Lua cúmplice

 

As agulhas finas da garoa

Fazem música na calha

Toda perfume, a noite

 

Luz e água

Frio ferve por dentro

Entre miados e brilho

A noite segue

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Entrocamento

A interseção de vida e desejo
É como encontro de ares.
O frio e o quente se chocam
E nascem raios, ruídos e tempestades
Ciclone arrasta sonhos
Enxurrada leva o sossego
De pernas ao alto ficam os dias

Gritos nascem do quase nada
Regelam os músculos cardíacos
à Espera da volta do verão

Não fosse o tanto de amor como pilastra
A casa construída ruiria
Ficariam escombros sobre os corpos
Balançantes nas vagas incertas

A reboque do sol
Veio a estação da luz
De mãos dadas bicurcamo-nos
E a nova casa se ergue sólida

Alma Nova

A alma bate à porta

Pedindo entrada

Fantasiada em roupa nova

Alva e limpa

Esquece o que já foi

E refaz-se em desejos e objetos

Novo destino se traça

 

A aura se recobre

Em nuances e matizes

O avesso da velha vida

Novos pecados e virtudes

Se confundem ao vivido

Vívida esperança de mudar

 

O espírito se renova

Rompe o casulo e voa

Abrindo claraboia

Olha o alto

Onde nuvens se dissipam

Mostrando a redoma azul

Aberta é límpida

Novidade à mostra

Lanho

Explícito lanho

Mostrando a carne

Incandescente

Ossos vibram

 

Xilofone de teclas brancas

Emite som soturno

Entre gritos e horrores

 

A morte exposta

Nas manchetes encarnadas

Entrelinhas impessoais

Imagens do pária craqueado

encomendado pelo inferno

Das ruas, becos escuros

A Letra Pendurada

A letra pendurada no chaveiro

Conta uma história pelo avesso

Do nome com a letra

A letra do nome

Letra e nome pênseis

Pêndulo de metal

 

A letra pendurada no chaveiro

Balança o nome não escrito

História balouçante

De nome e letra mudos,

Pêndulo metálico

 

Na ponta da corrente

Orgulho de nome herdado

Ou posse explícita

Na letra de milhões de nomes

Como se fosse Única, com dono

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Plantar

Arei os sonhos com as unhas
Abri valas
Semeei com urros
Reguei com suor.

Brotaram dias e noites e dias
Noites e dias de sol e ar
Dias e noites de brisa e chuva

Vidinha que cresce verduenga
Viçosa vida que rasga robusta
o solo barroso e vinga



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