Desfez-se em letras
O universo ao derredor
E escorreram como cachoeira
No branco da celulose
Invadiram vales estéreis
Verdejaram como limo
Na aspereza da terra fértil
Dos olhos translúcidos do poeta
O que era feio ganhou viço
O que era lindo transcendeu
E fez-se verso o que era sonho
Do nada nasceu tudo
Em cores e rabiscos
Sob as penas de Bené, Drumont
Quintana virou quitanda de poemas
Nélida deu frutos como pinhas
Cecília a negação de Max
Em complemento épico
Do barro nasceu Barros
Barrinhos, diria o diminutivo Moraes
Estrelas veem-se de dia
Decompondo em fonemas a luz
Escalando nas estrofes, ou sem,
A vida vívida em vida de desejos
O lume das ideias
Em formas sintéticas
Deus disse “faça-se o verbo”
E criou a poesia
Soprou o barro
E fez o poeta.
©Marcos Pontes
2 comentários:
Parabéns. Muito boa. A própria criação é um poema de Deus. Abs opcao_zili.
O sopro divino, o sopro - soprinho de vida na vida bem vivida com o poeta.
quem foi feito desse barro não perde a inspiração.
Amo sua poesia.
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