sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Aurora noir(e)

Entre as telhas, sereno
Jaz um resto de esconde-esconde
Que brinca de decifrar armadilhas primevas.
É quebra-cabeça impreciso que rói
A parede da noite de uma criança

As sombras são leões com jubas de folhas
Nos olhos de espanto azul franzido
O prazer da fera em plena fuga é ele.
Rei à espera na rede do terraço ancestral
A presença da sua ausência é caos

Na areia da vanguarda, vacas mansas flertam
Com seus heróis pescadores que espantam
As gaivotas vorazes do pensamento.
À luz da estrela da manhã, o primeiro cigarro
Aura noir(e) no alvorecer

Ela avança lãs enroladas nos tornozelos
A cabeça levemente inclinada para esquerda
Nas mãos o calor do café acorda a dúvida.
Não sabe o que mais teme ou deseja ser
Tentou ficar muito quieta



Compulsão Diária, novembro de 2008

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