Voraz
Quando a flor encharcada,
Farta de chuva,
Sob as patas dos gatos, espera
Quando gotas pesadas,
Túmidas de graça,
Pousadas na vidraça, escorrem
Quando o sonho,
Cheio do cheiro da noite,
No torpor da manhã, incauto, desperta
Quando a mulher,
Alva e ampla,
No deserto da cama, dorme e morde a maçã
Ele afaga pétalas, pele e pelúcias.
Pisa sua dor nas gotas escorridas,
Desperta delícias lúbricas,
Liberta, das patas dos gatos, a flor
Enquanto desvela o sono da mulher,
Despedaça a cama, engole a maçã
E flerta, en passant, com a alvorada fatal
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