quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Voraz

Quando a flor encharcada,

Farta de chuva,

Sob as patas dos gatos, espera

          Quando gotas pesadas,

          Túmidas de graça,

          Pousadas na vidraça, escorrem 

                     Quando o sonho,

                     Cheio do cheiro da noite,

                     No torpor da manhã, incauto, desperta

Quando a mulher,

Alva e ampla,

No deserto da cama, dorme e morde a maçã

Ele afaga pétalas, pele e pelúcias.

         Pisa sua dor nas gotas escorridas,

         Desperta delícias lúbricas,

          Liberta, das patas dos gatos, a flor

                        Enquanto desvela o sono da mulher,

                        Despedaça a cama, engole a maçã

                        E flerta, en passant, com a alvorada fatal

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