The Coffee Drinkers, David Salle, 1973
O tempo reencontrado aproxima distâncias,
O tempo perdido distancia proximidades,
O passado nunca possuído retorna
O presente aqui dentro
Da xícara de café
Na Bahia, minha Combray sem chá,
Anu-preto, tem um jeito,
Canta grave repetido.
Bem-te-vi chateia gata que sente dor,
E corruíra, sabida, sonoriza a aurora
Enquanto as coisas se passam como em amor,
Os seres amados incomunicáveis em si,
Dos sons e sabores sai o mundo,
A vida acorda agora
Mas meu gato e meu homem roncam enrolados
Únicos: tempo e lugar
Eu recordo, perco o fio do poema
E o hábito, por um instante, dorme
© Compulsão Diária
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