segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Perda Maior

Na fumaça louca do cigarro
A sombra da névoa da favela
Onde meninas estupradas
Fazem tricô com seus traumas
E mães aflitas e conformadas
Choram a dor do hímem perdido,
Mais valioso legado da filha,
Fisicamente uma película,
Na vida a própria vida.

Na brasa a verdadeira dor
De ter um assassino sobre o corpo
E um rasgar entre as pernas
Causando saltos inexplicáveis
Sob o seio duro,
Sem excitação, mas pavor
De encarar os desconhecidos:
O sexo e o homem.

Na cinza o passado remoto
Onde cirandas eram a brincadeira
Hoje proibida pelos nervos arrebentados,
A vergonha da perda
Do que sequer sabia existir.

O bandido está à solta
E as crianças nas ruas,
Vulneráveis ante a insanidade
Do endiabrado marginal,
Pênis infeliz na luta com a vítima.

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