Nada sei de propósito
Vejo a flor e adivinho a borboleta
Ouço a água e sei do peixe
Pela buzina sei do atropelamento
Nada de propósito.
Sinto a brisa e pressinto a chuva
Olho a vaca e ante-saboreio a picanha
Pelo cacaueiro sei o gosto do chocolate
Na criança já vejo o chato futuro
Sem querer, por acaso.
Pela pasta sei da propina
Pelo terno sei do corrupto
Pelo espirro sei do vírus
Pelo sapato sei da puta
Totalmente acidental.
Por teus olhos antecipo a dureza
Tuas costas me contam da maciez
Olho tuas coxas e prevejo a noite
Teu batom me conta do teu beijo
Na tua mão fechada o adeus se apronta.
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