segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sampaulo

Rápida passagem,
Ficada eterna entre mesas e livros,
Entre amigos e avenidas,
Sobre prédios e em subterrâneos
Com a cidade em volta.

Mil sotaques,
Mil faces por segundo.
Todo o mundo numa rua,
Ruas para todo o mundo.

Veias e artérias de betume
Espalhando-se como pernas de gigantesca aranha,
Vasos entupidos de glóbulos parados.

Vi-me nas vitrines que não me viam,
Coloquei-me nas calçadas que me calçavam,
Amei na cama que me esperava,
Beijei a boca que desejei.

Quatro foram poucos
Quando mais dias queria.
Tantos os abraços
E mais os desejados, nenhum, porém, esquecido.

Não me eternizei em seus prédios,
As construções se eternizaram em mim.
Não finquei raízes ali,
Suas raízes me tomam.

Não deixei meu sotaque em seus ouvidos,
Ouço seus erres e esses.
Minha cara não ficou em suas retinas,
Seus rostos estão nas minhas.

Desta cidade trago meu tesouro,
Empobreço São Paulo
Trazendo a mulher que amo
E o coração dos amigos deixados.

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