sábado, 4 de dezembro de 2010

Áspero

No lençol de terra vermelha e quente

Descansa o corpo nu

Homem pai menino filho

De alguém que não sabe

Que o corpo nu descansa

Sobre o lençol vermelho e áspero

De terra e sangue

Do corpo nu do homem

Filho marido amante e vermelho

Áspero corpo sobre o lençol de terra

E a família ainda não sabe

Se foi de homem traído

Por pedrinhas amarelas e podres

Ou roubo mal sucedido

Apenas buracos vermelhos que não irupem mais

Espalhando o corpo liquefeito

Sobre o lençol áspero de terra

Os fios da cabeça tremulam como vivos

Pela brisa que amaina o fervor da manhã áspera

Que envolve o corpo nu perfurado

Olhando os urubus sem vê-los

 

©Marcos Pontes

2 comentários:

Beatriz disse...

Os cabelos dos mortos
A morte encravada na terra, nas pedras venenosas. A ilusão do prazer imediato, paraíso artificial encharcado de sangue.

TonMoura disse...

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