quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Sem pressa nem tempo




Sem pressa nem tempo,
Espero o calor lamber as horas
Que passam em delícias,
Enquanto morre uma tarde
Uma boca engole o dia,
Morde meu juízo.

Sem dor nem pressa,
A manhã nasce à força do fundo do relógio ávido de desejos,
Por onde escorre o susto. E o risco arrepia
Grafite de musgo no muro da têmpora.

Sem tempo nem dor
Pulsa um rastro de eco – escuro do meu grito.
No paço de lembranças, desmaiam retratos ao vento
Desmanchando em migalhas o museu ultrapassado,
Quando a ponta de um trovão explode a vida em cheiro
E sabores nítidos.

Sem dor nem cansaço,
No sinal vermelho, uma esquina pára.
Corpos tomam o fôlego das narinas tesas
Pelo ar que roça de leve inteiro o dorso dessa busca sem descanso.

Sem drama nem medo,
No quebra-mar dos olhos batem sopros. E voltam cantos.
Na minha garganta, uma sereia desliza
No sal da saliva sumo e gosto da pele e mais.
Um gesto solta o centauro.

Luli e Lucina - Amor de Mulher


Imagem: My Bed, Tracey Emin, 1998

Compulsão Diária, outubro de 2008.
Para Guto Leite
(grande amigo, tremendo poeta e mestre generoso)

12 comentários:

Anônimo disse...

Ah! Pensei que fosse outro o destinatário. Ciuminho.

Anônimo disse...

Maravilha, isso!

Que bom te ver de volta, bea, querida!!!


beijooo

Anônimo disse...

Marcos, meu amor, você sabe. É você o destinatário de tudo. Adorei o ciuminho. rsrs. A homenagem ao Guto Leite é merecida. Afinal, como você também sabe, ele é meu primeiro leitor e o primeiro poeta que topou interagir com meus textos e ajudar no meu aprendizado. É só você voltar nos posts e verá o quanto esse jovem talentoso fez e faz por mim. Marcos, gosto demais quando brinca. Ei, você é mesmo amor, ironia e graça. entrou pra turma de leitores divertidos aqui do Compulsão.

Marília, salve!
Voltando aos poucos e com sede de muita troca e poesia. Já chego lá no seu cantinho. Obrigada!
bmgrupos

Anônimo disse...

Voltando nas leituras, certamente vão ver que mais você fez e faz por mim do que o inverso! Adorei o poema, Béa, e certamente você tem muito o que dizer, sempre, e isso me encanta. Quando puder, lá no meu blog tem o link de uma poetisa, Valéria Tarelho, colega, que na certa vão se tornar amigas num piscar de lábios! Obrigado de novo pela generosidade da referência e que meus versos façam as vezes dos meus braços tímidos.
Arte e vida pra você, caríssima! Olhos de raiar São Paulo

Anônimo disse...

Poxa....

Estou feliz, por vc me visitar!

obrigada!

seu blog é dezzzzzzzzzzz!

beijim

elisabete cunha

Anônimo disse...

Sem pressa e com tempo
todo amor segue a contento
toda dor morre sem intento
todo corpo sua de prazer.

Querida, bom estar aqui, perdoa ausência já que o tempo não me dá tempo.

lindo dia flor
beijos

Anônimo disse...

Tô encantado com a delicadeza dessa construção sem medo de versos grandes e tão precisa nos substantivos fortes que dispensam quaisquer adjetivações.

"que passam em delícias"; "por onde escorre o susto e o risco arrepia"; "desmaiam retratos ao vento" (essa é boa demais).

O fim infla em significado, mas sinto que arrefece em beleza poética. Há uma negação, um choro, um grito enjaulado. Muitos desertos de dor e inação.

Uma jóia derramada no canto dos cílios.

É linda.

Anônimo disse...

Ensurdecedor.

Vibrei, viu. Vibrei aqui.







o troço é inteiro um poema.
que surpresa boa.

Anônimo disse...

..um gesto solta o centauro.... e o bicho sensível dentro desta poeta.

Anônimo disse...

Vim ver o lado outro da interlocução!
Agradecer a visita lá em casa!

Muito bom este poema...
Bom de imagem e de língua...

Volto em breve, pra reler este, ler outros e firmar pontos nos is!

Nelson Maca

Anônimo disse...

Boa noite,

Sou Teresamaremar do espaço
www.NasTintasParaAsRegras.blogspot.com.

Venho informar que Elisabete Cunha – http://betescunha.blogspot.com/ - tem vindo a copiar integralmente, desde Setembro último, os meus textos e recolha de imagens.
Porque, contactei essa senhora, duas vezes, via email, de forma a que retirasse os meus trabalhos do seu espaço, não tendo obtido qualquer resposta, sou a esclarecer que são integralmente de minha autoria os posts por essa senhora publicados nos dias,

4 Setembro 2008
7 Setembro 2008
8 Setembro 2008
10 Setembro 2008
13 Setembro 2008
22 Setembro 2008
30 Setembro 2008
1 Outubro 2008
10 Outubro 2008
18 Outubro 2008
29 Outubro 2008

como poderá ser constatado no meu blog, acima referido, e correspondem às minhas publicações seguintes,

26 Maio 2007, Primórdios da arte ocidental
22 Maio 2007, Tecriar o Passado
17 Maio 2007, Da têmpera ao Oleo
12 Maio 2007, A tela, invenção renascentista
5 Maio de 2007, Perspectiva, a ilusão da percepção
4 Maio 2004 (nota de abertura do meu blog)
6 Maio 2007, (IN)descrição das cores
10 Maio 2007, Psicologia das cores
20 Junho 2007, Das trevas à luz
9 Junho 2007, O olhar mágico
13 Junho 2007, Em tentação
3 Julho 2007, Do feminino e do masculino na arte
16 Agosto 2007, On Va à la Plage
24 Setembro 2007, Traço.Linha.Ponto

Considero que referir no final desses posts Fonte: Nas Tintas Para As Regras, é apenas a forma de dissimular a infracção que vem fazendo, pois que tal não é referência de uma fonte, porquanto
. não indica que se trata de um blog,
. não contém hiperligação para esse (meu) blog,
. não indica o endereço deste – www.nastintasparaasregras.blogspot.com –
. nem tão pouco inclui qualquer referência ao autor teresamaremar

Mais acrescento que, uma fonte é, eventualmente, um lugar de onde retiramos uma imagem, uma ideia ou uma frase mas da qual nunca se faz uma cópia total do que outro escreveu e investigou, trabalho dedicado e, tantas vezes, demorado.
Mais me surpreende que essa senhora agradeça os comentários que lhe deixam nesses mesmos posts, sem que refira ser teresamaremar a autora dos mesmos.

A bem da seriedade bloguista

Cumprimentos

Anônimo disse...

Querdios e queridas, voltando aos poucos. devo visitas a mim pelo prazer da leitura das postagens de todos. Retomo o passeio.
Obrigada pelas leituras.
Victor, adorei a dica. sabe, esta fase é nova. experimento versos maiores. acho que vou recomeçar a experimentação de editar, lembra. Mas, agora, queria outra forma. ainda não decidi. Sei que aquela foi riquíssima e aprendi demais. é verdade, o mais difícil é conseguir significar com qualidade peoética. Tentando, victor. Raspando, enxertando, enfim....construindo.

Maca, vamos lá.

Laura, ok ;)))

Guto, você sabe o quanto me ajudou. As provas estão nos posts. Tá lá o corpo estendido no chão ;)))

Teresa, entendo seu desespero, mas poxa! Menos, moça. Resolve de outro modo, seus companheiros blogueiros são solidários mas vc invadir os comentários de um poema, nem dizer nada sobre ele e tascar esse mega texto assim? sei não, sei não. Dá vontade de bloquear, moderar , cara! detestei isso. Na boa? Não.