quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Restos


Distância
Assegurando esta vigília
Vaga solta que tomba.

Estrondo e lágrimas.
É trilha na garganta
Gosto de choro grosso e morno.

Silêncio
Engolido, molhado
Sorvendo sono, secando sonho.

O beijo perdido no beco
Fundo do silêncio
Que prende o ar.

No escuro do fim,
Dois gatos esperam
Sem resposta.

Restos sem rastro
De esperança sem registro, espectro
Onde pousam as patas sem passos.
 Nina Simone - I want a little sugar in my bowl

9 comentários:

Anônimo disse...

Que dor de texto! Sem saudade não há arte.
CD, vc é inspiração completa. Aqui na cidadona, sinto - te mais longe, sabia? Estranho!
Saudade.

Anônimo disse...

Meus restos (hoje) choram, e choram. Tocante!
Abraço!

Anônimo disse...

Uma quebra magistral: "No escuro do fim, dois gatos esperam sem resposta": Sair do mergulho na introspecção e notar a presença dos gatos...
Excelente poema. Estou curtindo muito este seu espaço.
Um beijo,
Chico

Anônimo disse...

André, sente e diz no fundo, no beco percebo que sim.

Igor,obrigada. Afetar é bom. E não podemos fazê-lo de forma intencional. Se acontecer já vale para mim.

assis, os gatos são obras primas, sensiblidade à flor do pêlo, inteligência, elegância, educação, discrição. como não vê-los? Eles não saem da minha vida , nem dos poemas.

Anônimo disse...

Os gatos! Tem tanto a ensinar a nós. Aquela resignação, aquela maturidade. Se pudesse, renasceria gato! :)

Anônimo disse...

Querido andre, vc já é assim.

Anônimo disse...

Nada, cherie. Esse é meu falso self comercial! Aqui, para nós somente, sou rebelde e infantil.
Seus olhos abrangentes, doces e claros é que enxergam demais. Talvez mais do que eu saiba, né?! :*

Anônimo disse...

Lindo, muito lindo! inclusive a incrível imagem postada. Já sou seu fã. JR - BloGenérico

Anônimo disse...

Também gosto de choro grosso e morno, sentir aquele mar a rolar pelo rosto, chegar no queixo e ficar indeciso... e quando resolve, cai entre os seios... e já nem sei se sou rio ou mar!
Os gatos, esses são a grande paixão da minha vida... a envolvencia que eles tem, conectam-me a um infinito inexplicavel; conectam-me sensorialmente à ternura... e eles apenas existem nos fragmentos dos nossos vazios, ocupando-os...

Um beijo...