Foi lembrando pela estrada
As coisas de sua terra quente
Flaviana na mesa velada
O pote de água fervente
As avoantes levantadas
E o coração descrente
Foi vendo na secura derredor
A caatinga sem fim espalhada
No ocre do barro unicolor
Como toda a lágrima ali secada
Os mandacarus sem uma flor
A criação com a pele esturricada
Foi vendo o céu azul sem fim
Nem uma nuvem de esperança
Com seu branco de marfim
O final daquela secança.
Pelo não, pelo talvez sim
Seguiu andando pra distância
Foi olhando o passado se passando
A incerteza toda à sua frente
Os pés no chão assando
O corpo inteiro doente
As lembranças da vida quando
Ainda havia um deus em mente
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