sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sentidos

Sentidos

Não há esforço além dos brônquios

A vida é leve como a lufada

Que sai do peito e sobe quente

A vida sobe quente

Respira a vida que sobe


Tato além das mãos

Que tocam as paredes macias

Cercas macias delimitam o tato

A vida é tato macio

A vida tateia e se limita


Não há sons além das orelhas

Onde reverberam as músicas diárias

Diuturna trilha de gritos, sussurros

E ruídos de cordas e couro

Vida é música áspera


Passo a língua na língua da vida

Sinto a saliva seca

Sabor de mim na saliva da vida

Vida é sabor de si e mim

Nas papilas que se saboreiam


Olho longe e vejo a curva

Vejo além da curva e do morro

É viela sinuosa

A vida é via de só ida

Larga, estreita reta e curva


Não há outro cheiro

Tudo cheira a vida que queira

Cheiro de vida mesma

A vida tem cheiro de tudo

Quando acaba o cheiro...



©Marcos Pontes

5 comentários:

Cristiano Melo disse...

Os sentidos que são sentidos pelo poeta e desencadeia reflexões sobre o caminha na vida. Vivemos por/com eles, nossos sentidos e didaticamente, aponta os limites que cada um impõe.
Parabéns pelo novo blog, é novo não é? Como é que não conhecia?
Bem,
abração

Lau Milesi disse...

Amei seu poema em todos os "sentidos"!!!
D+.
Um abraço

Joe_Brazuca disse...



não há volta, retorno

flexa disparada.

os sentidos são UM...

Adriana Riess Karnal disse...

gostei demais do poema

Joe_Brazuca disse...

Não há sons além das orelhas
Onde reverberam as músicas diárias
Diuturna trilha de gritos, sussurros
E ruídos de cordas e couro
Vida é música áspera



Putz !